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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A palavra que faltava

Havia uma mulher que amava as palavras. Desde a meninice, exerciam sobre ela um grande fascínio.

Talvez por isso ela tenha aprendido a ler muito cedo.  Desejava decifrar aqueles sinais que preenchiam as páginas do jornal.

Gostava de apreciar a sonoridade das palavras. Umas suaves, outras mais agressivas. E de aprender o significado de cada uma delas.

Encantava-se em saber que as palavras têm o poder de representar o pensamento humano e estabelecer a comunicação entre as pessoas.

Descobriu que existem palavras doces e perfumadas, como flor, carinho, amizade, maçã. Outras, tristes e angustiantes como lágrima, distância, saudade. Algumas dolorosas como crime, fome, abandono, guerra.

Algumas alegres e descontraídas, como primavera, natureza, criança.

Verificou que existem palavras que soam como uma sentença de morte, como metástase.

Um dia, no entanto, ela ouviu dos lábios do médico, que acabara de examinar com muito cuidado os resultados de seus exames, esta palavra e a achou muito feia.

Num momento, a paisagem se modificou, pareceu-lhe não haver mais luz, embora fosse dia. O sangue lhe sumiu das faces, dando lugar a um suor gélido.

O coração tentou fugir a galope. Fruto da ignorância, o medo, sempre oportunista, se instalou e a insegurança a dominou. O especialista foi lhe afirmando que havia muitas chances de melhora, graças às mais recentes conquistas da farmacologia.

Mas, ela nem conseguia prestar atenção. A voz do médico parecia distante. O cérebro desenhava paisagens sombrias, comprometendo-lhe o equilíbrio.

De volta ao lar, um tanto mais calma, talvez inspirada por benfeitores invisíveis, ela se lembrou de orar. Preparou sua alma para entrar em contato com Jesus e lhe rogar as forças necessárias.

Enquanto orava, pareceu ver o azul do firmamento, num cair de tarde, começando a salpicar de estrelas. Dele se destacou uma luz radiante, abrangendo todo o espaço ao seu redor.

Alguém, de olhar sereno e um sorriso cativante, lhe estendeu os braços. Caminhou em sua direção e um delicado perfume a envolveu.

Ela se sentiu aconchegar de encontro ao peito daquela criatura tão serena, como se fosse uma criança amedrontada.

Uma nova energia a invadiu e, então, como um canto divino ela ouviu dentro d’alma a voz melodiosa:

Filha, por que choras? Entre todas as palavras que admiras, esqueceste a mais importante, a mais poderosa.

Ela se atreveu a perguntar:

E que palavra eu esqueci, Senhor?

Ele se afastou um pouco, tomou o rosto dela entre suas mãos e olhando-a, com doce ternura, respondeu:

A palavra é fé!

*   *   *

Fé é a mola propulsora que permite superar óbices e vencer obstáculos.

Fé é força motriz da alma que, assim alimentada, vence os percalços e avança vitoriosa.

Por esta razão é que o Mestre de Nazaré ensinou, um dia: Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: move-te daqui para lá e ela se moverá.

E a montanha que todos precisamos mover para avançar na estrada da vida, chama-se dificuldade.

Pensemos nisso.
 

Redação do Momento Espírita, com base no
 texto
Xô, palavra feia!, de Rute Villas Boas.
Em 28.8.2014.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sem fome de pão

Foi num dia qualquer, de um verão tropical, na cidade de Angra. Lugar paradisíaco, que muitos estamos acostumados a ver estampado em revistas e na televisão.

O garoto aproximou-se da casa bonita, colocou a carinha entre as grades do portão alto e forte, e ficou olhando.

A dona da casa, senhora distinta, regava o jardim. Fazia a tarefa devagar, como quem distribui com as gotas d’água um tanto de carinho.

O menino dos seus nove anos, segurando com ambas as mãos as grades, de um lado e outro do rosto magro, pediu:

- Ei, dona, tem pão velho?

Ela se voltou surpresa. Fechou o esguicho d’água. Desde a sua infância, aquele tipo de situação a incomodava. Da adolescência trazia uma mensagem dentro de si de que, quando alguém pedia pão velho, na verdade estava dizendo: Me dá o pão que era meu e ficou na sua casa e você esqueceu de comer, porque tem muitas outras coisas deliciosas para saborear.

Ela caminhou até o portão e perguntou:

- Onde você mora?

Ele falou o bairro, bem distante.

- Mas é muito longe, disse a senhora.

- Pois é. Eu sei que é longe, mas eu tenho que pedir as coisas para comer.

- Você está na escola?

- Não, disse ele. Minha mãe não pode comprar material.

Agora, ela já estava tão próxima dele que quase o podia tocar. Ele tinha um rostinho tão delicado. Pena que estivesse um tanto sujo.

Pensou nos próprios filhos, tão bem cuidados, penteados, roupa limpa, calçados brilhantes e lancheira cheia para levar à escola.

O rostinho miúdo parecia só ter olhos. Espertos. Inteligentes e sofridos.

- Seu pai mora com vocês? Arriscou a dama.

- Ele sumiu, respondeu a vozinha triste.

O papo prosseguiu. Ela até se esqueceu do jardim e das flores. Ali estava uma flor muito mais importante e mais necessitada de água, adubo, terra fofinha.

Finalmente, ela se recordou da fome do menino e fazendo um gesto de quem se dirigia para dentro a fim de buscar alguma coisa, exclamou:

- Espere um pouco. Vou buscar o pão. Não tenho pão velho. Serve novo?

- Não precisa não, senhora. A senhora já conversou comigo. Tchau.

E desapareceu ladeira abaixo.

A resposta caiu como um raio no coração da mulher. Teve a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor daquela criança.

Um menino de nove anos, já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitado de um papo, de uma conversa amiga.

Naquele dia, a senhora aprendeu um novo significado para o pedido de pão velho. Significa dizer: Converse comigo, dê-me a alegria de ser amado.

Por isso, ela continua dando pão novo, fresquinho, com doce, manteiga, queijo e salaminho. Mas, antes de tudo, ela compartilha o pão das pequenas conversas, um pão que nunca fica velho, porque é fabricado no coração de quem acredita nAquele que disse um dia: Eu sou o pão da vida!

*   *   *
O pão mata a fome do corpo. A palavra nutre o coração entristecido.


De Momento Espírita 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Gestos de amor


Uma frase escrita em um muro, perdida no meio de rabiscos e desenhos, diz o seguinte: O amor não existe, o que na verdade existe, são os gestos de amor.

Ao ler esta frase, a primeira questão que nos vem à mente, quase como um reflexo, é nos perguntar como alguém ousa dizer que o amor não existe.

Porém, no esforço de tentar compreender essa afirmativa, questionamos: Como podemos conhecer o amor, sem a ação que o coloca em movimento?

A partir daí, somos capazes de compartilhar da ideia  desse desconhecido autor, que nos convida a pensar que o amor somente se revela através das atitudes de cada pessoa. 
              
*  *  *
Gestos de amor...

Envolver um bebê recém-nascido nos braços, com encantamento e ternura, e perceber naqueles traços pueris, a manifestação da perfeição Divina.

Demonstrar interesse frente à empolgação de uma criança quando vem partilhar uma nova descoberta, por mais que, para nós adultos, não seja uma novidade.

Simplesmente escutar o outro, fixando-o nos olhos com atenção, mergulhando na profundidade do que está sendo falado.

Quanto bem somos capazes de proporcionar ao próximo nos colocando apenas na posição de ouvintes.

Presentear... Por mais singelo seja o presente, ele chega impregnado de bons fluidos de quem o oferta e carrega a mensagem: Lembrei-me de você.

Um afago, um abraço... O toque leva ao outro um pouco da energia salutar de quem o oferece.

Cuidar... do filho, do amigo, do irmão, do cônjuge, dos pais, dos avós e também daquele que pouco conhecemos.

Tratar quem quer que seja com respeito e consideração.

Partilhar, doar... qualquer coisa que o outro esteja precisando: alimento, agasalho, tempo, atenção, sorriso e afeto.

Dividir conhecimento... Cada ensinamento que passamos adiante é mensageiro de um pouquinho de amor.

Aconselhar, dialogar, preocupar-se, enfim, perceber a necessidade do outro e se fazer presente.

Perdoar... os afetos, os desafetos e a nós mesmos.

Ser caridoso. Jesus nos ensinou que a caridade nada mais é do que o amor em ação.

*   *   *

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Os girassóis


Você já viu um girassol?
Trata-se de uma flor amarela, muito grande, que gira sempre em busca do sol. E é por essa razão que é, popularmente, chamada de girassol.
Quando uma pequena e frágil semente dessa flor brota em meio a outras plantas, procura imediatamente a luz solar.
É como se soubesse, instintivamente, que a claridade e o calor do sol lhe possibilitarão a vida.
E o que aconteceria à flor se a colocássemos em uma redoma bem fechada e escura?
Certamente, em pouco tempo, ela morreria.
*   *   *
Assim como os girassóis, nosso corpo físico também necessita da luz e do calor solar, da chuva e da brisa, para nos manter vivos.
Mas não é só o corpo físico que precisa de cuidados para prosseguir firme. O Espírito igualmente necessita da Luz Divina para manter acesa a chama da esperança.
Precisa do calor do afeto, da brisa da amizade, da chuva de bênçãos que vem do alto.
Todavia, é necessário que façamos esforços para respirar o ar puro, acima das circunstâncias desagradáveis que nos envolvem.
Muitos de nós permitimos que os vícios abafem a nossa vontade de buscar a luz, e definhamos dia a dia como uma planta mirrada e sem vida.
Ou, então, nos deixamos enredar nos cipoais da preguiça e do desânimo e ficamos a reclamar da sorte, sem fazer esforços para sair da situação que nos desagrada.
É preciso compreender os objetivos traçados por Deus para a elevação de Seus filhos, que somos todos nós.
E para que possamos crescer, de acordo com os planos divinos, o Criador coloca à nossa disposição tudo o de que necessitamos.
É o amparo da família, que nos oferece sustentação e segurança em todas as horas...
A presença dos amigos nos momentos de alegria ou de tristeza a nos amparar os passos e a nos impulsionar para a frente.
São as possibilidades de aprendizado, que surgem a cada instante da caminhada, tornando-nos mais esclarecidos e preparados para decidir qual o melhor caminho a tomar.
Mas, o que acontece conosco quando nos fechamos na redoma escura da depressão ou da melancolia e assim permanecemos por vontade própria?
É possível que, em pouco tempo, nossas forças esmoreçam e não nos permitam, sequer, gritar por socorro.
Por essa razão, devemos entender que Deus tem um plano de felicidade para cada um de nós e que, para alcançá-lo, é preciso buscar os recursos disponíveis.
É preciso imitar os girassóis. Buscar sempre a luz, mesmo que as trevas insistam em nos envolver.
É preciso buscar o apoio da família, nos momentos em que nos sentimos fraquejar.
É preciso rogar o socorro dos verdadeiros amigos quando sentimos as nossas forças enfraquecendo.
É preciso, acima de tudo, buscar a Luz Divina que consola e esclarece, ampara e anima em todas as situações.
*   *   *
Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças, e o convite da depressão rondar-te a alma, imita os girassóis e busca respirar o ar puro, acima das circunstâncias desagradáveis.
Quando as dificuldades e os problemas se fizerem insuportáveis, tentando sufocar-te a disposição para a luta, lembra-te dos girassóis e busca a Luz Divina através da oração sincera.

Redação do Momento Espírita utilizando pensamentos finais extraídos do texto do Momento Espírita Na barca do coração, disponível no CD Momento Espírita, v. 3, ed. Fep.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 5, ed. Fep.
Em 09.03.2009.

Os girassóis