terça-feira, 9 de abril de 2013

As curvas do caminho


Gosto de curvas, principalmente daquelas que delineiam suavemente caminhos que muitas vezes são extremamente retos.

Quando olho um caminho assim, reto, mas que vez ou outra se inclina em uma curva, fico lembrando da nossa existência como seres humanos.

Temos um tempo de vida aqui neste maravilhoso planeta chamado Terra. Este tempo pode ser curto ou longo. No início nosso caminho pode ter mais curvas, ou não. Vai depender de como fomos criados por nossos pais ou responsáveis por nós.

Com o tempo, geralmente quando já temos definidos em nós os princípios que nos passaram na infância, nosso caminho passa a ser um tanto reto. E isto é bom, no sentido dos bons princípios da bondade, honestidade, amor a Deus e ao próximo.

Contudo, volta e meia surge em nosso caminho algo que nos impede de continuar seguindo assim, de forma retilínea e invariável. Pode ser uma situação difícil, a perda do emprego, a perda de alguém, problemas dos mais diversos.

É quando aprendemos a fazer curvas. Algumas tem de ser drásticas, outras, mais suaves. E, no momento em que delineamos nosso caminho com essas curvas, invariavelmente, ele fica mais bonito.

Geralmente no momento em que estamos construindo a curva, não percebemos a beleza que ela traz ao nosso andar. Mas acredite, ele fica mais belo. Ele se derrama sobre a paisagem do nosso mundo e permite que cruzemos com os caminhos de outras pessoas.

Aprender a fazer curvas não é negar ou contrariar os nossos princípios, não. Eles devem continuar ali, no nosso coração. Deus e nossos princípios devem ser o nosso norte.

Porém é imprescindível que saibamos fazer curvas quando a vida exige. Pois enquanto não aprendemos, corremos o risco de ficarmos estagnados no mesmo ponto do caminho...

E acredite: por mais difícil que seja caminhar e fazer curvas, esse andar traz belezas incontáveis.

Fique em Paz.

Andréa W. Petry

Suas crenças...


Os Croods


Vale a pena assistir! Veja mais em: Os Croods

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A pequena vítima de Salve Jorge



Quando Salve Jorge começou, disse a mim mesma que não veria um único capítulo. Ainda estava meio surda por causa da gritaria de Avenida Brasil e queria minha paz de volta. E assim foi: não assisti aos primeiros capítulos. Mas aí, um dia, gostei de ver umas cenas de Istambul, e mais adiante lembrei que o ótimo Alexandre Nero estava no elenco, além do colírio do Domingos Montagner, e passei a simpatizar com a maquiavélica Wanda de Totia Meireles, e quando dei por mim, havia sido capturada para o dramalhão mais inverossímil da televisão brasileira - ou alguém consegue aguentar a moscona da Morena que, com a finada Jéssica, passava as tardes na casa da delegada sem conseguir denunciar que havia sido traficada? Me irrita a trouxice das personagens femininas da maioria das novelas.

Acho louvável que a autora Gloria Perez procure usar o maior petardo da programação da Globo para trazer à tona assuntos pouco discutidos pela sociedade, como é o caso do tráfico de pessoas, mas a forma canastrona com que esses dramas costumam ser apresentados faz com que eles pareçam pouco reais. O que tem me deixado chocada nessa novela não é a seringa que o personagem de Claudia Raia leva na bolsa para algum imprevisto ou os tapas que o parrudo Russo distribui no cativeiro das beldades. O que me cala e me constrange é uma criança que está sendo manipulada pelo pai em meio a um divórcio litigioso. Aquile ali, sim, é real, muitíssimo comum e igualmente criminoso.

Não consigo imaginar nada mais brutal do que dizer para um filho: "Tua mãe não te ama". O mesmo vale para mães que dizem isso aos filhos a respeito dos pais. Quem faz essa covardia com uma criança é quem verdadeiramente não a quer bem. Usar o sentimento de inocentes a fim de atingir um cônjuge que passamos a odiar é de uma agressividade tão letal quanto uma injeção no pescoço, tão dolorido quanto um soco de um brutamontes.

Nem todos que agem assim o fazem por maldade. Muitos o fazem por ignorância. Mas até os ignorantes deveriam possuir alguma sensibilidade para entender que uma criança necessita de segurança emocional e não de ser envolvida nas brigas de um casal que um dia resolveu se unir, e que mais adiante resolveu se separar. Casamento não precisa ser para sempre, mas a responsabilidade parental, sim.

Crianças não conseguem processar direito o que vivenciam. Assumem culpas que não possuem, fantasiam abandonos, se responsabilizam pela infelicidade dos pais, e pior do que tudo, se sentem desprotegidas em um lar briguento. Crescem e se tornam homens e mulheres paranoicos, inseguros, acovardados diante da vida. É uma tecla insistentemente batida, mas pouco escutada: criança precisa ser amada. Não precisa de um iPhone aos nove anos, não precisa ir a Disney antes de ser alfabetizada, não precisa de um guarda-roupa de estrela de cinema. Precisa ser amada. Sai de graça. 

Só custa caro quando é educada por duas criaturas mais infantis do que ela.

Martha Medeiros 

Imagem: www.everystockphoto.com