segunda-feira, 8 de junho de 2015

Num olhar...

Aos teus olhos, lancei meu olhar.
Meus olhos, qual vidro azulado, refletiram dos teus: imagens... e visões... Também sonhos, algumas desilusões.
Os teus olhos também sondaram os meus, lá no fundo...
E você também viu: meus sonhos, meus medos, e alguns anseios que deixei para trás, mesmo sabendo que podem voltar, urgentes...
Nossos olhos conversaram coisas que nossas bocas nunca disseram. Nossos olhos compreenderam sonhos que nunca realizamos.
Nossos olhos viram, juntos, momentos que nunca haviam visto quando estavam sós...
Ah, nossos olhos... Eles falaram de nós como nunca, nunca haviam feito antes...

Teus olhos são tão belos...
Meus olhos são tão sós...

Ah, nossos olhos...
Andréa W. Petry 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Adivinha quanto eu te amo


Era hora de ir para a cama, e o Coelhinho se agarrou firme nas longas orelhas do Coelho Pai. Ele queria ter certeza de que o Coelho Pai estava ouvindo.

- Adivinha quanto eu te amo? - disse ele.

- Ah, acho que isso eu não consigo adivinhar - respondeu o Coelho Pai.

- Tudo isso - disse  o Coelhinho, esticando seus bracinhos o máximo que podia.

Só que o Coelho Pai tinha os braços mais compridos. E disse: - E eu te amo tudo isto!

Huuum, isso é um bocado, pensou o Coelhinho.

- Eu te amo toda a minha altura - disse o Coelhinho.

- E eu te amo toda minha altura - disse o Coelho Pai.

Puxa, isso é bem alto, pensou o Coelhinho. Eu queria ter os braços compridos assim. Então o Coelhinho teve uma boa idéia. Ele se virou de ponta cabeça, apoiando as patinhas na árvore.

- Eu te amo até as pontas dos dedos de meus pés!

- E eu te amo até as pontas dos dedos dos teus pés -  disse o Coelho Pai balançando o filho no ar.

- Eu te amo a altura de meu pulo! - riu o Coelhinho saltando, para lá e para cá.

- E eu te amo a altura do meu pulo - riu também o Coelho Pai e saltou tão alto que suas orelhas tocaram os galhos das árvores.

- Eu te amo toda a estradinha daqui até o rio - gritou o Coelhinho.

- Eu te amo até depois do rio até as colinas - disse o Coelho Pai.

É uma bela distância, pensou o Coelhinho. Ele estava sonolento demais para continuar pensando.

Então ele olhou para além das copas das árvores, para a imensa escuridão da noite. Nada podia ser maior do que o Céu.

- Eu te amo ATÉ A LUA! - disse ele, e fechou os olhos.

- Puxa, isso é longe disse o Coelho Pai. Longe mesmo!

O Coelho Pai deitou o Coelhinho na sua caminha de folhas. E então se inclinou para lhe dar um beijo de Boa Noite.

Depois, deitou-se ao lado do filho e sussurrou sorrindo: - Eu te amo até a lua... IDA E VOLTA !


Fábula de Sam Mc Bratney